Título original: Snow White and the Seven Dwarfs
Ano de lançamento: 1937
Sinopse: Uma rainha má e
bela resolve, por inveja e vaidade, mandar matar sua enteada, Branca de Neve, a
mais linda de todo o reino. Mas o carrasco que deveria assassiná-la a deixa
partir e, durante sua fuga pela floresta, ela encontra a cabana dos sete anões,
que trabalham em uma mina e passam a protegê-la. Algum tempo depois, quando
descobre que Branca de Neve continua viva, a Bruxa Má disfarça-se e vai atrás
da moça com uma maçã envenenada, que faz com que Branca de Neve caia em um sono
profundo até o dia em que um beijo do amor verdadeiro a faça despertar.
Branca
de Neve é uma jovem princesa que vive num lindo castelo com a malvada Rainha.
Ainda criança, Branca é obrigada a servir como empregada do castelo porque a
Rainha teme que um dia ela ultrapasse a sua beleza. Branca de Neve, porém cresce
e se torna uma moça bonita. A mais bonita entre todas as moças do reino, de
acordo com o espelho mágico da Rainha. Um dia, um príncipe aparece no castelo e
se encanta por Branca de Neve. Os dois se apaixonam perdidamente e essa é a
gota d’água para a Rainha. Então, ela manda o caçador de sua confiança levar
Branca para um passeio na floresta; lá, ele deve matá-la, arrancar seu coração
e entregá-lo à Rainha numa caixa bem bonitinha.

Eu não
me lembrava de como o início do filme é superficial. Os filmes da época
realmente têm uma duração mais curta. Nos primeiros minutos, não sabemos de
absolutamente nada sobre a história. Temos a cena clássica do livro se abrindo
e contando uma parte bem pequena da vida de Branca. Então já somos levados para
a Rainha e seu espelho e para o não tão incrível encontro entre Branca de Neve
e Príncipe Encantado. *Ah, não é engraçado notar que os príncipes são de suma
importância para começo e fim da história, mas nunca têm um nome?* E depois já
estamos na floresta com Branca e os sete anões. E não há nenhum passado também;
além de Branca ser uma princesa e ter sido transformada numa criada, não
sabemos de nada além disso. Afinal, o que a Rainha é sua? Mãe, madrasta, tia?
Onde está seu pai? Onde está toda a população do reino (afinal, tem que ter
alguém para Branca ser considerada a mais bonita)? De onde veio o tal Príncipe
e o que ele foi fazer no castelo? Por que os anões vivem no meio da floresta e
não num vilarejo próximo ao castelo como se espera que as pessoas fazem? Toda a
história se concentra em apenas dois dias. E parece o bastante.
É
interessante também notar o estereótipo da mulher que esperava-se que existisse
nas décadas de trinta a meados de 1950. Branca de Neve é uma mulher jovem,
bonita, extremamente gentil; ela sabe lavar e cozinhar muito bem, e faz isso
como se fosse um tipo de passatempo, algo muito natural. É assim que a mulher
deveria ser (e algumas pessoas ainda acreditam nisso): a dona de casa, que vive
para servir ao marido e à comunidade. Além de ser incrivelmente bonita e bem
humorada, claro. Já a mulher que é diferente disso tem seu comportamento levado
ao extremo e é a vilã da história. A Rainha não é tão bonita (sua beleza é sustentada por maquiagem e adornos), não é tão gentil;
ela não quer lavar e cozinhar, ela não quer ser devota a um homem. Ela tem
ambição, quer ser mais do que deveria ser. Ela é uma bruxa e tanto.
Outra
coisa que notei é que, mesmo que por alguns instantes, Walt Disney acrescentou
o elemento da religiosidade na história. Num mundo onde existem animais que se
comunicam claramente com humanos, anões vivem isolados numa floresta, há uma rainha
má que faz poções e tem um espelho mágico. Mesmo num mundo claramente
fantasioso. Um mundo que não o nosso mundo. Mesmo assim Branca de Neve aparece
orando a um deus numa cena. Provavelmente o mesmo deus cristão ao qual as
crianças devem aprender a direcionar seus desejos e segredos mais profundos.
Que tal
relembrar algumas cenas que me intrigaram um pouco? a) um pouco depois de
terminar suas poções, a Rainha deixa o castelo através de uma pequena porta do
tipo alçapão. Quando ela está descendo, a única coisa que vemos é a sua mão
segurando a porta e seus olhos malvados. Não lembra a cena icônica de Evil
Dead? Será que Branca de Neve serviu de inspiração para um dos maiores filmes
de terror trash do cinema? b) em outra cena, quando a Rainha já está na
floresta conversando com Branca de Neve, os pássaros que a tentam proteger
atacam a bruxa e ela acaba derrubando a maçã envenenada. Ela a recupera do chão
e a toma para si possessivamente quando Branca tenta tocá-la para ver se está tudo
bem. Só faltou ela gritar “my preciousssss”; sim, lembra muito o nosso querido
Gollum, de O Senhor dos Anéis. c) a cena em que Branca está em plena fuga pela
floresta. Parece uma viagem psicodélica misturada a um dos meus piores
pesadelos. É uma das cenas mais bizarras que eu já vi em um filme
necessariamente familiar, ainda mais em 1937! d) a morte da Rainha. Um pouco
antes de cair do penhasco e ser esmagada por uma pedra (outra cena bem
trágica), a Rainha é perseguida por um par de urubus que, num primeiro momento,
parecem ser amigos dela. Porém, no exato momento em que ela experimenta sua
queda, eles apenas observam e sorriem; tal elemento me deixou curiosa por sua
natureza quase desnecessária e por deixar a cena da morte da bruxa ainda mais
sinistra do que é naturalmente.

Apesar
dos pesares, eu vi, ouvi e senti toda a magia presente em Branca de Neve e os
Sete Anões. E tudo converge para o mesmo ponto em que esse filme com certeza
merece ser dito um dos clássicos da Disney, por toda a sua inovação, sim; mas
também por todo o encanto que nos proporciona até hoje!
Próxima
parada: Pinoccio, de 1940.
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