Resenha: Ruas Estranhas

Título original: Down These Strange Streets
Autor: vários
Páginas: 492
Sinopse: Ruas estranhas é uma coleção de 16 histórias fantásticas urbanas onde os editores George R. R. Martin e Gardner Dozois reúnem grandes nomes da literatura como Charlaine Harris da série True Blood, Conn Iggulden, Glen Cook, Patricia Briggs, Diana Gabaldon e outros autores de destaque. Nessas histórias nascidas da imaginação de escritores vencedores dos prêmios mais importantes do gênero, eles exploram mundos de vampiros sedutores, lobisomens assustadores, espíritos que ajudam humanos a solucionar mistérios, demônios, zumbis e outras criaturas que habitam nossos pesadelos. Cuidado! O perigo está ao final de cada esquina.

   Ruas Estranhas é uma coletânea de 16 contos de fantasia urbana, que são basicamente histórias policiais com um toque sobrenatural. Fato interessante: George Martin não escreve nada além de uma introdução de cinco páginas, o que deixou muita gente putíssima com a Fantasy. Motivo? Bem, só faltava o nome dele estar escrito em neon na capa. Mas, enfim, vamos aos contos, a maioria escrita por autores super renomados (que você provavelmente não conhece):

- Morte por Dahlia; Charlaine Harris – Num futuro onde humanos e criaturas sobrenaturais convivem, ocorrem festas onde humanos são doadores voluntários de sangue. Numa noite, porém, tudo dá errado e um humano acaba morto. Cabe a Dahlia, uma vampira, investigar e descobrir que o perigo nem sempre está onde se espera.

- A Sombra que Sangra; Joe R. Lansdale – Richard às vezes trabalha como detetive particular e já teve algo com Alma May; agora, o irmão dela, Tootie, lhe mandou um disco muito bizaro e a prostituta espera que Rick o encontre. Apenas para descobrir que Tootie fez tratos com quem não deveria e tem uma sombra que não a sua atrás dele.

- Coração Faminto; Simon R. Green – Uma bruxa procura o detetive Taylor para um caso: um ex-namorado lhe roubou o coração. Literalmente. Supostamente, está guardado no Repouso do Coração e John precisa desfazer toda a rede de mentiras de Holly para descobrir o que realmente está acontecendo.

- Estige e Pedras; Steven Saylor – Na antiga Babilônia, as mulheres ofereciam sua virgindade ao templo de Ishtar. Séculos depois, o poeta Antípatro e seu companheiro Giordano se deparam com duas mortes e um suposto templo assombrado.

- Dor e Sofrimento; S. M. Stirling – Salvador e Cesar são detetives em Santa Fe e acabam pegando um caso que envolve um incêndio criminoso. Mas seu principal suspeito tem poderes desconhecidos, além de uma vida amorosa mal resolvida.

- Sempre a mesma velha história; Carrie Vaughn – Rick é um vampiro. Em 1947 ele conheceu Helen, uma moça perseguida por um bandido perigoso. Sessenta anos depois, Helen é morta e Rick sente obrigação de ir atrás do assassino.

- A Dama Grita; Conn Iggulden – Jack Garner passou anos enganando velhas viúvas, supostamente falando com mortos. Depois de um evento onde conhece a Dama, se declara caçador de fantasmas. Mas vai descobrir que nem todos os fantasmas querem ser caçados e precisam de um desenterrar melhor da história. Inclusive a de Jack.

- Hellbander; Laurie R. King – Num futuro próximo há uma mistura do DNA humano com uma espécie de salamandra. Mark Heller é um SalaMan, além de detetive particular. Uma de sua espécie vai procurá-lo: seu irmão e vários outros estão desaparecidos há semanas. E a busca de Heller o leva até cientistas dignos do Terceiro Reich.

- Ladrões de sombra; Glenn Cock – Eu nem consigo falar sobre a história desse conto. Aliás, quem consegue?! A narrativa de Cock é terrivelmente escrota, os personagens são ridículos, a história é sem sentido. Resumindo, o pior conto do livro, antes até mesmo de “Dor e Sofrimento”.

- Sem mistério, sem milagre; Melinda M. Snodgrass – O detetive Cross é uma criatura que pode se apossar de um corpo humano, como um deus. Quando um estranho símbolo surge na cidade, há a suspeita de um Antigo à solta, uma criatura perigosa que pretende mudar os rumos da sociedade estadunidense.

- A diferença entre um enigma e um mistério; M. L. N. Hanover – Demônios estão em toda parte; em nossas mentes, que são nossos verdadeiros demônios. Quando o detetive Mason recebe um caso curioso, vai descobrir também que nem tudo pode ser um enigma, que há mistérios entre nós também.

- O curioso caso Deodand; Lisa Tuttle – Um deodand é um objeto que um dia causou o mal, mas que pode vir a se tornar quase sagrada através de boas ações. O dono de uma coleção faz exatamente o oposto e se vê sentenciado a suportar as conseqüências disso.

- Lorde John e a peste de zumbis; Diana Gabaldon – Na Jamaica, escravos fugidos estão causando um grande rebuliço e Lorde John é chamado para investigar a causa disso tudo. Ele descobre nada menos que um plano com zumbis. Regido por nada menos que vingança.

- Cuidado com a cobra; John Maddox Roberts – Na Roma Antiga, os marso têm sua cobra sagrada roubada. Assim, Decius descobre que, quando o poder está envolvido, é preciso estar atento às cobras que sibilam à volta.

- De vermelho, com pérolas; Patricia Briggs – Warren é um detetive particular (e lobisomem), que trabalha no escritório de seu parceiro. Um dia, uma zumbi aparece para matar Kyle (o parceiro). Ao longo da investigação, Warren pode ver que o perigo às vezes pode estar mais perto do que imaginado.

- A águia de Adak; Bradley Denton – Durante a Segunda Guerra Mundial, uma águia “gigante” é encontrada morta em Adak. Então, se segue uma corrente de magia e busca pelo poder. Mas o futuro nem sempre é o que parece ser.

   Fato interessante: Lorde John (Lorde John e a peste de zumbis) e Warren (De vermelho, com pérolas) são homossexuais; interessante por que eu sempre preferi histórias de mistério onde o investigador era gay. Mas não me perguntem por quê.

   O ponto alto do livro pra mim foi com “A sombra que sangra”: é muito bem narrado e tem até um toque de terror, o que torna tudo muito mais interessante; os personagens também foram bem construídos, se considerarmos que é um conto com menos de 30 páginas e eu consegui imaginar todas as cenas com perfeição na minha cabeça.

   “Lorde John e a peste de zumbis” é o maior conto da história, com cerca de 70 páginas. Também é muito interessante, coloca todos os detalhes importantes sem se tornar maçante e um final até que surpreendente. Mesmo assim, não é o meu preferido.

   Agora, se “A sombra que sangra” foi meu ponto alto, nada se compara à “Águia de Adak”. Tem humor, tem mistério, tem personagens interessantes e uma narrativa perfeita. De longe, é o meu conto preferido. Ainda assim, o melhor personagem, na minha opinião, fica com “Jack Garner” (você vai entender as aspas se ler o livro), de “A Dama grita”: é ele quem narra o conto, é divertido, você se sente quase como se um amigo estivesse contando aquilo a você.

   Pra quem gosta de ficção científica (como eu), vai ser bom ler “Hellbander”. A história é bem criativa e o final é até um pouco previsível, mas, sério, isso não prejudica em nada o fato de a proposta do conto ser boa. Outro interessantíssimo é "O curioso caso deodand", vale a pena.

   Enfim, os piores contos, na ordem foram: “Morte por Dahlia”, “Dor e sofrimento” e, claro, “Ladrões de sombras”. As histórias são quase ridículas. O primeiro tem um apelo sexual completamente desnecessário e uma história clichê, nada cativante, além de super previsível. “Dor e sofrimento” poderia ser interessante, a proposta para a história pelo menos foi, mas não souberam colocar a história de uma maneira cativante, de forma que a história ficou confusa e maçante. E, bem, você já pôde conferir minha revolta com “Ladrões de sombras”.

   “Ruas Estranhas” é um bom livro, mas com seus altos e baixos, como toda coletânea, aliás. Não é uma super obra, mas vale a pena para quem gosta de fantasia E mistério.

   P.S. Dedico essa resenha aos meus amigos lindos, que me presentearam com o livro: Andressa, Maria Victória, Jéssica, Samuel e Naiane, s2 pra eles.