segunda-feira, 18 de agosto de 2014

[Maratona Disney] #4: Dumbo (1941)

Título original: Dumbo
Ano de Lançamento: 1941
Sinopse: Dumbo é um bebê elefante que nasceu com orelhas enormes e com a ajuda de Timóteo, um simpático ratinho, vai se transformar na principal atração de um circo. Usando suas orelhas, ele faz o que nenhum outro elefante conseguiu: voar!

  


   





Durante a noite, as cegonhas voam pelos ares trazendo os bebês de todos os que estão esperando. Até mesmo os
animais do circo. A Sra. Jumbo está ansiosa esperando o seu filhote e, atrasado, ele finalmente chega. Um elefante todo cinza, fofo e desengonçado. Mas, há só um problema: Jumbo Júnior nasceu com orelhas enormes, quase maiores que ele. Maldosamente, as outras elefantas do circo apelidam-no de Dumbo (“estúpido”, em inglês).
   Além de ver sua própria espécie rejeitando-o, Dumbo precisa enfrentar o preconceito dos visitantes do circo. Sua mãe tenta protegê-lo a todos custo e, quando o ameaçam, ela fica furiosa e acaba por atacar o dono do circo. Por isso, é considerada louca e descontrolada; a atitude do dono é isolá-la numa pequena jaula longe dos outros animais e afastada de Dumbo.
   Assim, a única companhia de Dumbo é Timóteo, um camundongo que não vê o menor problema com suas orelhas e até enxerga nelas potencial. Timóteo quer transformar Dumbo numa verdadeira estrela. Mas, no número proposto, Dumbo não consegue se sobressair: as orelhas o atrapalham e ele transforma o show num verdadeiro desastre. O pública apenas o admira por sua aparência engraçada. Então, Dumbo é transformado num palhaço.
   Mas Timóteo ainda o ajudará a descobrir seu potencial, partindo de suas próprias fraquezas.

   “Dumbo” é o quarto longa animado da Disney. Com apenas uma hora de duração, o filme conta uma história muito simples mas que tem alguns braços e pernas que merecem ser analisados.
   A um primeiro momento, “Dumbo” é, obviamente, uma história sobre o preconceito. Como é estranho quando somos diferentes sem culpa alguma e ainda somos julgados por isso. Percebe-se também uma certa hipocrisia no preconceito em si; primeiro, porque somos todos diferentes de todos, usando a máxima “você é único”. Numa cena em especial, Dumbo é caçoado por um garoto que está visitando o circo e o próprio garoto, de uma malícia extrema, tem também orelhas de tamanho fora do comum e seus dentes não são exatamente certinhos. O preconceito, na realidade, é uma maneira de negar seus próprios defeitos: o ser humano rejeita aquilo que não quer para si. A história de Jumbo Júnior também é sobre superar suas fraquezas. Sobre encontrar aquilo que lhe faz mal, que pode te prejudicar e entender que isso pode ser transformado em uma vantagem. Isso pode até ser contraditório, porque, pra mim, transformar suas fraquezas em vantagens pode também ser uma forma de negá-las, apenas de uma maneira diferente. A questão é que isso trás paz de espírito, portanto é o que importa. Porque não abre espaço para julgamentos ou hipocrisias. Mostra que você é forte.
   Apesar disso, quando vi “Dumbo”, o que passa pela minha cabeça é a exploração animal. Registro aqui a dica para dois documentários que quiser conhecer um pouco do assunto: o curta “Apologia aos Elefantes” e o longa “Blackfish”.
   Na década de 1940 ainda eram muito comuns circos que utilizavam animais para seus maiores espetáculos. Os bichos eram obrigados a realizar feitos que a natureza não lhes impunha. Isso ainda acontece, infelizmente. Basta apenas olhar, por exemplo, para o caso do garoto que teve seu braço arrancado por um tigre. O animal fica preso numa jaula vinte e quatro horas por dia, recebe alimentação de um tratador. Resumindo: não tem estímulo algum, não realiza as inúmeras atividades que realizaria na natureza. E as pessoas ainda podem olhá-lo e provocá-lo à vontade, aparentemente. É claro que o animal sente-se acuado e se revolta, porque é isso o que ele faz. No próprio filme há uma sequência que mostra o desfile do circo pela cidade. O gorila está enjaulado assim como os outros animais; ele faz a imagem de bicho revoltado e se debate contra as grades. Num dado momento, uma das grades é arrancada e o gorila faz uma cara de constrangimento, colocando a barra de volta em seu lugar. Dominamos os animais até o ponto em que eles negam absolutamente sua natureza. Outra cena interessante é o momento em que os “estivadores felizes” e os elefantes montam as tendas do circo e organizam as jaulas à noite, sob uma forte chuva. No dia seguinte, está tudo pronto e o dia amanhece iluminado. Isso serve para nos mostrar que, às aparências, os circos e zoológicos são instituições organizadas, respeitosas e quase perfeitas. Mas, na verdade, elas são construídas sobre o sofrimento de animais e pessoas que não têm uma escolha.
   Há uma cena em particular que talvez muitos se lembrem. Dumbo acaba ficando com um
soluço e Timóteo sugere que tome um pouco d’água. Porém, a água disponível é a mesma na qual os palhaços derrubaram uma garrafa de espumante. Logo, Dumbo e Timóteo ficam bêbados e têm um tipo de viagem psicodélica. Dumbo consegue fazer bolhas com o espumante através de sua tromba e as bolhas criam formas de elefantes dançantes. A cena é muito colorida, a música muito agitada e tudo dura bem uns três minutos. Ainda não consegui deduzir o propósito da cena. A única maneira que encontro de justificá-la é... bem, Cannabis.
   “Dumbo” é um filme com uma mensagem simples. Mas tem personagens contagiantes; o próprio Dumbo, que não tem uma única fala, conquista o espectador. Além disso, as músicas são adoráveis (a emocionante Baby Mine, a divertida When I see na Elephant Fly e a própria Pink Elephants on Parade). É bonito, divertido e com uma pequena moral. Nada mais.


Próxima parada: o preferido “Bambi”, de 1942.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Hey!, se você não comentar, como vou saber que passou por aqui? Deixe sua opinião e faça uma pessoa feliz ~voz campanha de solidariedade~