Ano de Lançamento: 1940
Sinopse: Sinopse: Gepeto (Christian Rub) é um carpinteiro solitário que, um dia, resolve fazer um boneco de madeira para lhe fazer companhia. Durante a noite, a Fada Azul (Evelyn Venable) dá vida ao boneco, que passa a se chamar Pinóquio (Dickie Jones). Ansioso para se tornar um menino de verdade, Pinóquio se mete em várias confusões, apesar dos constantes avisos de seu amigo Grilo Falante (Cliff Edwards). O boneco tem uma particularidade: sempre que mente seu nariz cresce. Até o dia em que precisa resgatar seu criador, quando ele fica preso na barriga de uma baleia.
Gepeto é
um senhor que vive numa pequena cidade em companhia de seu gatinho Fígaro e um
peixinho dourado fêmea, Cléo. Além dos brinquedos de todos os tipos que ele
mesmo cria. Até a noite que ele consegue finalizar um boneco com a exata
aparência de um menino. Chama-o de Pinóquio, para o desgosto de Fígaro e Cléo. Nesta
mesma noite, uma estrela cadente cruza o céu e o maior desejo de Gepeto naquele
momento é que Pinóquio se torne um menino de verdade. O cético Grilo Falante,
que encontrou aconchego na casa de Gepeto, assiste a essa cena com
incredulidade. Como um boneco poderia vir a se tornar um menino de verdade?
Mais
tarde, porém, a Fada Azul aparece para tornar realidade o desejo de Gepeto, já
que ele sempre foi um homem bondoso. Porém, a Fada Azul apenas dá vida ao
boneco: para se tornar um menino de verdade, ele deveria ser corajoso,
altruísta e verdadeiro. Como Pinóquio ainda não sabe discernir o certo do
errado, o Grilo Falante é nomeado sua consciência para ajudá-lo na missão.
Entretanto,
logo em seu primeiro dia de vida, Pinóquio já se deixa levar pela opinião de
pessoas mal intencionadas e se envolve em várias situações perigosas sem se dar
conta de que está agindo erroneamente. Até o momento em que descobre que seu
pai, Gepeto, perdeu-se enquanto estava à sua procura e ficou preso na barriga
de uma monstruosa baleia. Agora, só cabe a Pinóquio tomar as decisões corretas
para ajudá-lo.
Mais uma
vez, fazia tempo que eu não via “Pinóquio” e até cheguei a falar alguns dias
atrás que eu acho a animação fraquinha, apesar de a história ser boa. O filme
foi inspirado no livro “As Aventuras de Pinóquio”, escrito em 1881 por Carlo
Collodi. O romance de Collodi não é exatamente um conto de fadas (se é um
romance, dã), mas usa dessa infantilidade justamente para atingir o leitor com
sua mensagem. Ao longo do tempo, foram feitas diversas análises psicológicas
acerca da história e, tanto Collodi quanto Disney faziam parte de grupos
maçônicos, e aspectos dessa cultura foram embutidos na história.
Bom,
depois de tanto, eu fiquei encantada com o filme.
Pinóquio vem pra mostrar que a Disney não é e
nunca foi uma fábrica de “histórias de princesas”. Alguns de seus filmes mais
importantes, como “Dumbo”, “Bambi” e “101 Dálmatas” não falam sobre nenhuma
princesa. E, mesmo nos filmes com princesas, é muito idiota quem enxerga só a
princesinha bonita e não observa o contexto da história, o contexto de produção
do filme. A Disney cria histórias sobre a arte (sim, arte!) de sonhar e sobre o
profundo desejo de ver nossos sonhos ternarem-se realidade, não importa quais
sejam ou por que eles existem.
“Pinóquio”
foi imortalizado e ensina as crianças a serem boazinhas e a não mentirem,
porque assim elas serão recompensadas com algo extraordinário um dia. No
entanto, a história também reflete o nosso próprio desenvolvimento como seres
humanos. Nossa busca por algo que nos identifique, algo que faz de nós o que
realmente somos. No início, Pinóquio não tinha ideia do que era a vida e do que
era certo ou errado. Ele não tinha personalidade ou sequer um objetivo (porque
o objetivo de ser um menino de verdade e as condições para isso ainda pareciam
muito abstratos em sua mente). Assim, ele passa a acatar qualquer coisa que as
pessoas digam que é certo ou que vai lhe trazer sucesso. Ele aceita a imagem de
“vida boa”
que pessoas comuns (o Gato e a Raposa – figuras astutas por
natureza, mas que no filme são retratas ao mesmo tempo como espertas e um tanto
imbecis. Até notamos quando a Raposa não consegue soletrar o nome de Pinóquio:
ele não tem a educação padrão, aquela que supostamente lhe ensina o
discernimento necessário para encarar a vida) lhe vendem. Ele não as questiona
ou pensa sobre o assunto; ele apenas as segue. Mesmo em sua gaiola no circo,
quando ele recebe uma terrível punição por mentira (e assim escapar de suas más
decisões) ele não aprende sua lição e acaba sendo levado pelo discurso de
outras pessoas, com a promessa de uma vida fácil. É esse tipo de atitude que o
leva à Ilha do Prazer, onde mais uma vez a sua educação é negligenciada. Em
lugares como a Ilha as pessoas não são ensinadas a pensar por si mesmas; elas
apenas podem fazer o que lhes dá mais prazer, não importando que isso seja
errado e prejudique a si mesmas e a outras pessoas. Então, Pinóquio não
consegue ainda diferenciar o mal do bem, porque todas as pessoas a seu redor
fazem as mesmas coisas e isso parece divertido. Ele bebe da cultura de massa. E
é isso que o transforma num jumento: um ser que não pode falar ou questionar
suas ações ou sequer ser admirado por seu intelecto. O jumento apenas obedece
as ordens que lhe são dadas. A Ilha do Prazer pode representar o mundo do crime
pelo qual muitos jovens acabam optando; nesse mundo, eles apenas seguem ordens,
mesmo que não diretamente. Mas a ordem de que aquilo não é considerado errado.
Apenas
quando Pinóquio percebe o amor que tem por seu pai, ele começa a aprender sobre
o que o faz humano. Quando se determina a encontrar Gepeto, Pinóquio deve
pensar mais sobre suas ações para que elas o levem até seu objetivo. Assim, por
hora, seu amor por Gepeto é o que o faz humano. Tanto que, após salvar o pai,
Pinóquio é mergulhado em “água pura”, um processo de purificação, uma promessa
de vida nova. É apenas depois de passar por essa purificação que Pinóquio
atinge um estado elevado de consciência e passa a ser, essencialmente, humano.
Uma referência à cultura cristã, assim como o próprio aprisionamento na baleia.
“Pinóquio”
é uma animação encantadora que, mesmo sem todos os seus simbolismos, nos ensina
que devemos sempre buscar quem somos de verdade e não seguir pelo caminho mais
fácil, pelo caminho que nos é vendido por pessoas que nem se importam com nosso
bem-estar. Além das músicas alegres e da clássica “When you Wish Upon a Star” (ouça de novo!) que ficam reverberando na mente por sua beleza e simplicidade. Cenas como a
transformação de Pinóquio num menino de verdade ou os discursos da bela Fada
Azul. Personagens como o Grilo Falante e Fígaro e Cléo. São o que fazem desse
filme um clássico para ser visto várias vezes durante nossa vida, mesmo que não
esteja esquecido.
Próxima parada: o subestimado Fantasia, também de
1940.
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