sábado, 15 de março de 2014

Resenha: Coraline

Título original: Coraline
Autor: Neil Gaiman
Páginas: 159
Sinopse: No livro, a jovem Coraline acaba de se mudar para um apartamento num prédio antigo. Seus vizinhos são velhinhos excêntricos e amáveis que não conseguem dizer seu nome do jeito certo, mas encorajam sua curiosidade e seu instinto de exploração. Em uma tarde chuvosa, a menina consegue abrir uma porta que sempre estivera trancada na sala de visitas de casa e descobre um caminho para um misterioso apartamento ‘vazio’ no quarto andar do prédio. Para sua surpresa, o apartamento não tem nada de desabitado, e ela fica cara a cara com duas criaturas que afirmam ser seus “outros” pais. Na verdade, aquele parece ser um “outro” mundo mágico atrás da porta. Lá, há brinquedos incríveis e vizinhos que nunca falam seu nome errado. Porém a menina logo percebe que aquele mundo é tão mortal quanto encantador e que terá de usar toda a sua inteligência para derrotar seus adversários. Skoob



   Coraline é uma criança exploradora, apesar de pequena para sua idade, e acaba de se mudar para um apartamento numa casa tipicamente muito antiga, com direito a novos vizinhos velhos e malucos, poços sem fundo e portas “misteriosamente” trancadas, como aquela na sala de visitas, que na verdade só esconde uma parede de tijolos.
   O verão está quase acabando e logo as aulas de Coraline (que será obrigada a usar um uniforme cinza e sem graça, ridiculamente grande para ela) retornarão, mas depois de passar duas semanas explorando seu novo lar, surge uma semana chuvosa e sem a menor possibilidade de a mãe a deixar sair para explorar mais um pouco. Assim, Coraline, que já leu todos os seus livros e brincou com todos os seus brinquedos, mergulha no mar do tédio num mundo em que todos – até mesmo seus vizinhos velhos, malucos e simpáticos – a tratam como se ela fosse apenas uma criança.
   É num desses dias chuvosos, quando está sozinha em casa, que Coraline descobre o que realmente está atrás da porta na sala de visitas: não uma parede de tijolos!, mas um outro mundo, completamente novo apesar de igual, onde ela tem outros pais que sempre a escutam e fazem comidas gostosas, outros brinquedos mágicos, outros vizinhos excitantes, além do gato de seu mundo real, mas que agora fala e é incrivelmente sábio e sarcástico. E, acima de tudo, uma outra mãe que a ama muito.
    Coraline, apesar da desconfiança, daria tudo para trocar sua vidinha por aquele mundo.
   Mas... nem tudo. E a outra mãe, percebendo isso, começa um jogo muito sem graça onde Coraline é a única prejudicada e terá que usar toda a sua inteligência (e a ajuda de um gato muito arrogante) para salvar aqueles a quem ama, aqueles injustiçados pelo mundo não-tão-mágico e descobrir a verdadeira soberania entre o bem e o mal.
   Ufa!
   Neil Gaiman é realmente incrível. E o mundo que criou em "Coraline" também o é. Nele, o autor mistura seu estilo com o de alguns mestres do terror, para criar uma narrativa assustadora, vista aos olhos de uma criança extremamente madura, sem ignorar essa maturidade juvenil (que a maioria dos autores fazem ao escrever livros do gênero). Assim, ao mesmo tempo que é infantil, a estória de Coraline é toda envolta numa aura sombria e cheia de desconfiança em relação ao mundo adulto.
   A própria imagem da personagem-título já conquista o leitor: se você já passou dos quinze, vai se lembrar de quando todos te tratavam sem dar importância e como tudo no mundo era meio mágico; se não, vai se identificar com Coraline e sentir como se ela fosse sua amiga.
   Ademais, tudo contribui para criar a atmosfera de terror para a história: o gato (ele não tem nome mesmo) é o esclarecedor do mundo horrível em que Coraline se meteu e pode ser aquele anjinho que nas histórias sempre diz a criança a coisa certa a se fazer, com a diferença de que ele é um gato preto, muito arrogante e vive desafiando Coraline. Como um livro juvenil e muito objetivo, quase não vemos a participação dos outros personagens, mas elas existem e são muito importantes.
   As ilustrações de Dave McKean são lindas e surreais, sombrias e dão o toque perfeito à narrativa.
   Sinto que essa resenha é mais enrolação que qualquer outra coisa, porque eu queria entrar aqui e escrever “perfeito” e um ponto final. Então eu vou adiantar o verdadeiro ponto final.

   "Coraline" é um conto de fadas às avessas, com uma protagonista apaixonante. É uma história assustadora, mas com um final feliz, que nos faz lembrar que, de alguma maneira, até os piores pesadelos têm que ter um final.

“Quando as primeiras estrelas surgiram, Coraline finalmente deixou-se fluir para o sono, enquanto a música suave no andar de cima, do circo de ratos, transbordou para o ar quente da noite, anunciando ao mundo que o verão estava quase no fim.”

P.S.: se você assistiu à animação, esqueça tudo antes de ler o livro, pois  Selick torna tudo muito mais mágico e colorido do que realmente parece (ao menos pra mim). "Coraline" é um livro incrível, mas uma narrativa tão aparentemente simples como um conto de ninar. 


2 comentários:

  1. não quero parecer pretensiosa, mas o diretor de Coraline é Henry Selick :)
    p.s.: não li o livro, mas achei o filme muito bom.

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    1. Obrigada por avisar, atento anônimo (a); é que Burton sempre teve grande influência sobre Henry Selick (e os dois trabalhram juntos em Nightmare Before Christmas) então eu confundi legal; mas já está arrumado :)

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