Habemus Papam (?)

   Seja você católico ou não, com certeza o que mais ouviu nesses dias foi a renúncia de Joseph Hatzinger, o Papa Bento XVI, sobre o seu cargo na Igreja. E, como não poderia deixar de ser, também sobre a escolha de um novo "governante" dos mais de 1,2 bilhão de católicos no mundo todo. Escolha essa que terminou até bem rápido, nesta quarta-feira dia 13, elegendo Jorge Mario Bergoglio ou, como será melhor conhecido a partir de agora, Papa Francisco.

   Somos todos brasileiros, claro, e é óbvio que muita gente não ficou muito satisfeita com um papa argentino. Sem falar que eu torcia pelo cardeal negro - que, na minha opinião aumentaria o carisma da Igreja, sem falar que seu caráter parece bem firme. Mas, depois de muitas notícias, pronunciamentos e sorrisos do novo papa, a maioria deve perceber que pode ter sido uma das melhores escolhas dos últimos tempos.
   1,2 bilhão de pessoas é muita coisa. E, geralmente, qualquer decisão que a Igreja Católica tome acaba afetando a população não católica também. Por isso acho que é tão importante não apenas os seguidores da religião se importarem com a eleição de um novo papa, ficarmos todos atentos. E, em pleno século XXI, onde "mudança" é um termo de ordem, o Papa Francisco parece se enquadrar muito bem na situação.
   Comecemos pela escolha do nome. Qualquer um com conhecimento básico sobre a Igreja deve saber que São Francisco de Assis é o santo dos pobres e dos oprimidos, do meio ambiente e ao mesmo tempo rejeita o luxo e a ostentação - coisa que a Igreja Católica tem de sobra e que o Bento XVI usou com satisfação.
   E, bem, essa coisa de Papa sempre foi tão distante dos fiéis. Quero dizer, o pessoal fica lá na Praça com um binóculo, torcendo pra conseguir ver o cara numa janelinha a não sei quantos metros do chão. Tudo bem que o Papa precisa de todo um cuidado, que os doidos do tipo que mataram Kennedy e John estão por aí, mas sinceramente chega a ser ridículo. Nem parece que aquele velhinho na janela realmente representa aquelas pessoas na Praça. É irreal.
   Nos últimos dias, o Papa Francisco saiu do Vaticano num carro comum pra ir visitar um amigo hospitalizado em Roma. Um cara que está assumindo a Igreja numa das épocas de maior crise.
   Além disso, parece-me que o senhor Jorge tem uma mente mais liberal sobre assuntos como homossexualismo, por exemplo. Há alguns meses, ainda como cardeal, ele aprovou que um casal de homossexuais adotasse uma criança; e tem contato com sacerdotes repudiado pela Igreja por terem se casado. É a mudança de que precisamos.
   Eu não sou católica. Mas, como disse, as decisões que o Papa toma para esses 1,2 bilhão de católicos que convivem conosco diariamente podem afetar a qualquer um. Parece-me, então, que o Papa Francisco por ora merece simpatia e atenção. Até mesmo dos brasileiros.