Sei que já falei sobre isso e sei que foi
chato. E não, eu não quero dar uma de polêmica.
O caso é que eu fui numa exposição sobre o
corpo humano essa semana. Muito bacana, corpos de verdade, o pessoal explicando
cada parte (na base do decoreba, mas tudo bem). E, claro, havia uma parte sobre
sistema reprodutor. E, claro, havia fetos! – uma gracinha, tinha todas as
partes do desenvolvimento do embrião. E, sim havia o grupinho das garotas super
religiosas que ficaram indignadas com o fato. “Professora, como alguém pode
matar isso?”
Numa vitrine, ficavam as amostras das
primeiras semanas. Quando vimos o desenvolvimento na sexta semana (um
feijãozinho branco dentro do vidro), eu disse pra minha amiga: “Olha, é isso
que nós defendemos. Um aborto de seis semanas; o feto é quase um nada”. Numa
etiqueta embaixo do vidro estava escrito “Seis semanas: o coração começa a
bater”. Minha amiga respondeu: “É, mas o coração já bate”.
E eu pensei: então nós, humanos, que
buscamos sentido em TUDO, vamos começar a definir a vida como um coração
batendo? Então isso é a vida, o coração começa a bater e vivemos, e quando ele
para a gente morre?
E, sim, caro colega metido a cientista. Eu
sei que é verdade. E, como ateia, acredito piamente no sentido quase
completamente biológico da vida. Mas, nós sabemos que quando o assunto é
aborto, a questão não é essa.
Pra mim, vida é isso aqui. Viver não é só
ter um coração batendo. É um cérebro funcionando, é um ser com relações
humanas, que conhece o que está ao seu redor, um ser humano que consegue dizer “sim,
eu estou vivendo”.
E não, um feto de seis semanas não está
vivo. Um feto de seis semanas tem um coração batendo. Só. Ele não sabe que tem
uma mãe; ele não sabe que tem um mundo além dessa mãe; ele não sabe que precisa
de objetivos para poder viver.
Outro
fato vergonhoso: todos os dias, vemos notícias de pessoas matando pessoas e eu
raramente vejo alguém dizendo “Nossa, mas quem faz isso?”. É isso o que deve
nos preocupar, camaradas.
E mais uma vez. Mais uma dolorosa vez.
Quando eu falo de aborto, eu quero falar principalmente sobre liberdade – de uma
mulher, de um país – e sobre um ser que evoluiu por causa de sua racionalidade –
sete bilhões de pessoas já não é o suficiente? Eu nunca vou falar sobre matar
bebês. Até porque ninguém faz isso em clínicas de aborto nos EUA ou outro país
que tenha a prática legalizada. Eu quero falar sobre vida, e não sobre morte.
Pense nisso.
Encerro.
Ótimo texto miga,para variar,hehe. Compartilho da mesma opinião que a sua :)
ResponderExcluirEsse é de fato um assunto polêmico para todos, em qualquer lugar. Matar alguém, mesmo que ainda muito pequenininho , um ser que ainda não tem sequer nenhuma noção de nada ao redor é complicado, mas como você apontou também é complicado quando vemos na tv que uma pessoa acabou de matar a outra. Será que precisava ter chegado àquele ponto? A mulher deve ter sim a liberdade de ter um filho, mas acho muito complicado o aborto em si e dependente de uma gama de variáveis. Mas apreciei ler um pouco sobre opinião diferente da minha.
ResponderExcluirJá leu 1984? É uma distopia que acho que você já leu, e eu esqueci de colocar na lista
Um abraço!
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